Cidade Nenhuma - Luís Belo e Bruno Ministro








A cidade que Luís Belo fotografou, segundo ele conta,  não tem nome, ou melhor, tem nome mas é como se não o fosse. 'Esta cidade é Viseu mas é como se não o fosse. Esta cidade que é aquela onde o Lúis vive, é também uma cidade que cresceu para cima e para os lados e aos poucos tornou-se como todas as outras, e todas as outras são como esta. Estas fotografias representam uma cidade, não necessariamente aquela que captam. Mostram de forma quase clínica, a sua beleza, frieza e simetria. A ausência do ser humano em desprimor do betão. Um céu nublado em vez de um sol emocional.'

É assim que Luís Belo apresenta o seu novo projecto, Cidade Nenhuma. Um projecto que oferece uma série de imagens cuja reflexão se centra na construção e edificação das cidades. São imagens que podemos encontrar em qualquer recanto menos movimentado nas zonas suburbanas das cidades ou mesmo nas zonas mais movimentadas desatentas ao olhar e à atenção de quem as transita todos os dias. As imagens não são comuns, isto é, não se repetem, oferecendo cada uma toda a informação que se pode recolher do local com elementos que transmitem a sensação de estarmos naquele local em concreto mas também noutra qualquer cidade de Portugal. E se por um lado qualquer destes espaços se encontra despojado da presença de qualquer rosto humano, o seu rasto, presença e até em certos retratos a humanidade encontra-se presente. Seja pela austeridade imposta por uma linha de pensamento arquitectónico mais técnico e funcional, ainda que se possa caracterizar pela sua desumanização, o homem está presente. Seja pela lavoura de um quintal numa zona urbana, o abandono e a degradação imóvel, o rasto de novos caminhos e trilhos ou uma antena que liga à televisão a informação que corre pelo mundo, o homem está presente.






Cidade Nenhuma apresenta-se sob a forma de livro e junto das fotografias as palavras da autoria de Bruno Ministro erguem poemas sobre a cidade. 'Não sei se estive em Viseu mais de duas vezes. Ainda assim através das fotografias do Luís, deambulei por vários cantos e recantos da cidade. Mas é esta cidade ainda Viseu? Não crio. O que o conjunto de fotografias deste livro faz é apresentar uma cidade nenhuma que poderia ser qualquer cidade. (...) O que acredito que estas fotografias fazem - e foi daí que o meu trabalho poético partiu- é criar mundos outros.' 

Cidade Nenhuma é o segundo livro de fotografia de Luís Belo. Num registo experimental, com a linguagem verbal a ser explorada sob diversas perspectivas, o texto não se limita a acompanhar o leitor da descodificação das fotografias.

Cidade Nenhuma encontra-se disponível através da editora Medíocre.
210x148mm
70 exemplares
17€ (portes incluídos)

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